Não se deixe intimidar!
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- Categoria: desmistificando
Ninguém tem problema em escolher o seu sabor de suco de fruta favorito, no restaurante, diante do garçom. Ou então em dar sua opinião sobre os diferentes refrigerantes disponíveis no mercado, durante uma conversa sem importância. O mesmo não acontece com os vinhos, já percebeu? Por que, raios, o mundo do vinho é às vezes tão intimidador?
Primeiro, pelo tamanho. Esse é um universo com mais de 10.000 variedades de uvas viníferas, mais de 1.700 denominações de origem, mais de 1.000.000 de produtores de vinho no mundo, fabricando a cada ano, ao menos 5 milhões de diferentes rótulos de vinho. Natural que tenhamos receio, diante de tanta diversidade!
Para piorar, é um mundo em constante mudança. Todo dia surge uma nova vinícola, todo ano tem nova safra, e a todo instante podemos ser surpreendidos com um vinho do qual nunca havíamos ouvido falar...
Pois bem. Aí surge (sempre surge), alguém que parece entender tudo de vinho. E esse ser supremo, que vem normalmente envolto numa aura de sabedoria, parece pronto para julgar todos seres humanos normais, em relação às suas preferências, conhecimentos, e experiências no mundo do vinho.
Isso sem falar nos enochatos, que são um capítulo à parte. Atire o primeiro saca-rolhas quem não conhece um sujeito assim. Para saber mais sobre esse tipo, clique aqui.
Não é à toa que, segundo uma pesquisa realizada a pedido de uma rede hoteleira, 59% dos entrevistados infelizmente consideram intimidador conversar com um especialista em vinhos. Para ler mais sobre essa pesquisa, clique aqui.
Hora de parar e pensar. Nesse mundo tão gigante, com tanta uva, tanto terroir, tanto produtor, tanto rótulo, será que existe alguém que sabe, assim, tudo? Não, não existe!! Nem Baco, se estivesse aqui entre nós, teria essa pretensão.
Além disso, não há porque sermos julgados pelas nossas experiências, conhecimentos, possibilidades ou preferências pessoais. Podemos, sim, gostar mais de um vinho de 40 reais do que de outro de 100. Podemos, sim, gostar mais do demi-sec do que do extra brut. Podemos, sim, nunca ter ouvido falar no vinho da uva que cresce dentro da gaveta do criado-mudo do rei do Esquisiquistão. Podemos, inclusive, experimentar esse vinho tão raro, e simplesmente não ver graça alguma. Podemos até colocar uma pedra de gelo dentro da taça, se quisermos. E podemos não ficar intimidados com nada disso.
Para começar, devemos lembrar que, via de regra, as pessoas fingem saber mais do que realmente sabem. Precisamos nos policiar para que eu, tu, ele, nós, vós, eles, não façamos isso, para que o mundo do vinho seja menos intimidador. Assim, escolher, comprar e degustar vinho deixará de ser um impasse, para ser somente aquilo que deve ser: uma diversão!
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